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Operação de crédito

Agricultura familiar vai ganhar incremento de 150 milhões com emprestimo do Governo do Piauí junto ao BNDES

Os recursos vão financiar as ações do Projeto Sertão Vivo no Piauí, para reduzir o impacto das mudanças climáticas e aumentar a resiliência da população afetada no semiárido do Nordeste.

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 Governador Rafael Fonteles, foto de reprodução.

Foi lido na sessão ordinária desta segunda-feira (17), na Assembleia Legislativa do Piauí, o Projeto de Lei do Governo do Estado que pede a autorização do Legislativo para a contratação de operação de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a garantia da União, até o valor de R$ 150 milhões. Os recursos serão destinados à viabilização do Projeto de Iniciativa Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste (PCRP), o Projeto Sertão Vivo, que pretende  reduzir o impacto das mudanças climáticas e aumentar a resiliência da população afetada no semiárido do Nordeste brasileiro.

No Piauí, o Projeto Sertão Vivo vai apoiar agricultores familiares, incluindo comunidades tradicionais e povos indígenas, com a finalidade de reverter o declínio de produtividade causado pelo ciclo descendente de degradação do ecossistema, adotando tecnologias para captação, armazenamento e reuso de água, e estratégias de diversificação para fortalecer sua resiliência.

Na mensagem encaminhada aos deputados, o governador Rafael Fonteles ressaltou que, no contexto global de mudanças climáticas, o investimento público representa não apenas uma resposta à rapidez com que essas mudanças acontecem, mas também um imperativo estratégico na construção de resiliência para as comunidades rurais do semiárido nordestino.

"Ao concentrar esforços no estado do Piauí, o Projeto Sertão Vivo direciona recursos para onde são mais necessários, apoiando agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas. Além de promover a sustentabilidade ambiental, esse investimento público também tem o potencial de gerar empregos locais, fortalecer a economia regional e, o mais importante, melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas, contribuindo assim para a redução das desigualdades sociais e para o desenvolvimento inclusivo e equitativo da região", explica Rafael Fonteles.

O Projeto Sertão Vivo também visa aumentar a produtividade e a segurança alimentar das famílias beneficiadas, proporcionando acesso à água e promovendo a conservação da biodiversidade e a redução das emissões de gases do efeito estufa. A iniciativa priorizará territórios com maior incidência de pobreza rural, vulnerabilidade climática e exposição histórica à seca, insegurança alimentar e nutricional, e que possuam grandes áreas coletivas, Escolas Família Agrícolas ou escola técnica similar e escolas rurais, priorizando a participação direta dos alunos e suas famílias, além do envolvimento dos professores e gestores das escolas.

O Projeto Sertão Vivo

O Projeto Sertão Vivo será desenvolvido em três frentes de trabalho: a implantação de Sistemas Produtivos Resilientes ao Clima (CRPS – climate resilient production systems); a melhoria no acesso à água para produção rural e a gestão das experiências e aprendizados para posterior replicação da iniciativa em escala ampliada.

As ações que serão desenvolvidas para implantação do CRPS visam aumentar a resiliência climática para agricultores familiares e comunidades tradicionais e, ao mesmo tempo, mitigar as emissões de carbono através de ações que objetivam o desenvolvimento de Planos Territoriais de Investimentos em Resiliência, a exemplo dos quintais produtivos. O componente também prevê o financiamento de investimentos coletivos resilientes, através da implantação de sistemas produtivos biossalinos, que aproveitam a água do concentrado de sistema de dessalinização para a produção de peixes e plantas forrageiras.

Outra frente pretende facilitar o acesso à água para agricultores familiares e comunidades tradicionais para reduzir o impacto de secas severas, investindo em tecnologias de pequena escala para colheita, reutilização, tratamento e armazenamento. Esse componente financiará também a construção de cisternas, calçadão para irrigação em quintais produtivos e tecnologias sociais que promovam o aumento da disponibilidade de água durante os períodos de seca, tais como a construção de pequenos açudes e bacias de armazenamento de água subterrânea para irrigação de pequenas áreas de terra, além da implantação de sistemas de tratamento e reutilização de águas residuais domésticas.

As ações relacionadas à gestão das experiências se propõem a disseminar os conhecimentos acerca das técnicas de implementação das práticas adaptadas à convivência com o semiárido através da conscientização e capacitação do público beneficiário, em especial mulheres, jovens e comunidades tradicionais, e o monitoramento participativo das comunidades.

O projeto prevê, também, implantação de uma Unidade de Gestão Central e suas respectivas Unidades Locais de Gestão, distribuídas nos 11 Territórios de abrangência, tendo como unidade executora a Secretaria de Estado da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada) e como unidade co-executora a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF).

À Sada compete a execução de programas de assistência técnica no meio rural, bem como a proposição de medidas para melhoria das condições de vida das famílias rurais. A secretaria também atuará na execução de ações educativas e tecnológicas relacionadas a diversas temáticas, como meio ambiente, agricultura, pecuária, agroindústria, organização rural e as atividades não agrícolas de expressão na economia dos agricultores familiares.

A elaboração de projetos de crédito rural, com a finalidade de promover o desenvolvimento rural sustentável das atividades agropecuárias e agroindustriais, também faz parte do escopo de atuação daquela unidade setorial.

Já em relação à SAF, entre suas atribuições, figura a promoção do desenvolvimento sustentável do meio rural do estado do Piauí através de iniciativas como a articulação de planos, programas e projetos com vistas à formulação e implementação de ações para o desenvolvimento de comunidades e de associações de pequenos produtores rurais. Essa secretaria também é responsável pela execução de programas que objetivam desenvolver ações que buscam conceder aos trabalhadores rurais apoio à instalação de suas famílias, infraestrutura comunitária, capacitação e assessoria técnica para consolidação social e produtiva dos agricultores familiares na terra, dentre outras.

Rafael Fonteles destaca a participação da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) no apoio ao processo de estruturação do Projeto Sertão Vivo, no monitoramento dos compromissos assumidos no Plano de Gestão e no acompanhamento dos produtos e metas do Plano Plurianual.

"É evidente que a operação solicitada promove, de maneira democrática, a união dos setores produtivo e social. No âmbito econômico, ela viabiliza a geração de emprego e aumento da renda familiar. No âmbito social, ela assume firmemente os imperativos delineados na Constituição Federal, ou seja, garantir os direitos fundamentais dos cidadãos e promover o bem-estar social. Ademais, sempre é importante ressaltar que o estado possui todas as condições fiscais necessárias de acordo com a legislação brasileira para assumir dívidas, e o impacto do empréstimo no fluxo financeiro do estado é completamente justificado pelos benefícios advindos da aplicação dos recursos", justifica o governador na mensagem, encaminhando o Projeto de Lei Ordinária, que seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça da Alepi.

Por: CCOM

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